sábado, 30 de agosto de 2014

Comunidade Herdada x Comunidade Necessária



O estado herdado deixou diversas marcas individualistas dentro de um sistema que deveria ter por base a partilha, o bem comum, a solidariedade, o cuidado para com o mais fraco. Quando o individualismo abre um pouco de espaço o corporativismo entra em ação de forma contundente.  Então os programas direcionados à Educação, à Saúde e à Moradia pensados  e elaborados no intuito de ser um política pública que irá minimizar os atrasos educacionais, prevenir sofrimento, auxiliar na dignidade humana passam a ser executados numa visão imediatista, com urgência de visibilidade eleitoreira, de formar a beneficiar um determinado grupo, sem utilizar os critérios pré-estabelecidos que poderíamos de forma genuína e constitucional obter benefícios duradouros e que efetivassem esta palavra tão “batida” cidadania e tão pouco conhecida na sua essência.
Nesse processo nos debatemos com os programas de excelência feitura como o Mais Educação, o Mais Médico e o Minha Casa, Minha Vida que ao serem indicados para melhoria social são bombardeados por vícios herdados e que se encontram impregnados em nosso fazer administrativo público. Vícios estes: criar mecanismos para que empresas privadas de pessoas de nosso círculo social realizem as atividades, isso sem nenhum senso de criticidade; beneficiar os mais próximos, sem o cuidado para com a excelência no atendimento, primar pela visibilidade publicitária, antes de sua avaliação como uma política, de fato, inclusiva. Bem, sabemos que todos estes programas poderiam fomentar outros programas que gerariam renda e alavancaria a economia popular e solidária, gerando desenvolvimento de baixo para cima. Desenvolvimento este que ampliaria o senso crítico de exercício cidadão e nos aproximariam de uma melhor observância na prática da gestão pública.
Além das ações citadas acima como impeditivo para uma política pública de grande impacto no comportamento social, temos ainda um entrave já na feitura dos programas que é a não observância de sua aplicabilidade na realidade concreta. E esta é uma dificuldade de alto grau já que vivemos num país de grandes dimensões geográficas e de disparidades socioeconômicas. No entanto esta dificuldade pode ser redimensionada se conseguirmos colocar em nosso estado necessário “...um verdadeiro período popular da história, já entremostrado pelas fragmentações e particularizações sensíveis em toda parte devidas à cultura e ao território.” Milton Santos.  

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