O estado herdado deixou diversas
marcas individualistas dentro de um sistema que deveria ter por base a partilha,
o bem comum, a solidariedade, o cuidado para com o mais fraco. Quando o
individualismo abre um pouco de espaço o corporativismo entra em ação de forma
contundente. Então os programas direcionados
à Educação, à Saúde e à Moradia pensados
e elaborados no intuito de ser um política pública que irá minimizar os atrasos
educacionais, prevenir sofrimento, auxiliar na dignidade humana passam a ser
executados numa visão imediatista, com urgência de visibilidade eleitoreira, de
formar a beneficiar um determinado grupo, sem utilizar os critérios pré-estabelecidos
que poderíamos de forma genuína e constitucional obter benefícios duradouros e que
efetivassem esta palavra tão “batida” cidadania e tão pouco conhecida na sua
essência.
Nesse processo nos debatemos
com os programas de excelência feitura como o Mais Educação, o Mais Médico e o
Minha Casa, Minha Vida que ao serem indicados para melhoria social são
bombardeados por vícios herdados e que se encontram impregnados em nosso fazer administrativo
público. Vícios estes: criar mecanismos para que empresas privadas de pessoas
de nosso círculo social realizem as atividades, isso sem nenhum senso de
criticidade; beneficiar os mais próximos, sem o cuidado para com a excelência
no atendimento, primar pela visibilidade publicitária, antes de sua avaliação
como uma política, de fato, inclusiva. Bem, sabemos que todos estes programas poderiam
fomentar outros programas que gerariam renda e alavancaria a economia popular e
solidária, gerando desenvolvimento de baixo para cima. Desenvolvimento este que
ampliaria o senso crítico de exercício cidadão e nos aproximariam de uma melhor
observância na prática da gestão pública.
Além das ações citadas acima
como impeditivo para uma política pública de grande impacto no comportamento
social, temos ainda um entrave já na feitura dos programas que é a não
observância de sua aplicabilidade na realidade concreta. E esta é uma
dificuldade de alto grau já que vivemos num país de grandes dimensões geográficas
e de disparidades socioeconômicas. No entanto esta dificuldade pode ser redimensionada
se conseguirmos colocar em nosso estado necessário “...um verdadeiro período
popular da história, já entremostrado pelas fragmentações e particularizações
sensíveis em toda parte devidas à cultura e ao território.” Milton Santos.
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